
Depois de cumprir todos os requisitos legais, estudos e consultas públicas nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, foi criado o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos. A área de 79.020 hectares vai abranger os dois municípios (17,1% em Parauapebas e 82,9% em Canaã dos Carajás) e o decreto de criação foi assinado pelo presidente Michel Temer no último dia 5 de junho – dia mundial do meio ambiente. Segundo o presidente, “não há mais espaço para crescimento sem sustentabilidade”.
A criação do parque atende ao cumprimento de uma condicionante determinada pelo IBAMA à mineradora VALE como uma compensação ambiental pela instalação do projeto Ferro Carajás S11D. Em novembro do ano passado, a proposta foi apresentada para o conselho consultivo da Floresta Nacional de Carajás. “A ideia inicial surgiu da necessidade de conservar os campos ferruginosos de Carajás, que possuem um ecossistema belíssimo, muito raro e muito ameaçado pela mineração”, reforçou Frederico Drummond, chefe da Floresta Nacional de Carajás.
Para Jesiel Gomes, que faz parte do conselho consultivo desde 2005, é preciso preservar. Ele relata que há anos o conselho buscava a preservação de uma área mínima de canga. “Então, hoje a gente vê que o parque vem contemplando grande parte rochosa de canga, área de savana. Agora vai ter uma parte de savana metalófila conservada para as futuras gerações”, destaca o conselheiro.
A ferrovia irá passar pelo parque, de um lado é a região de Boiacana, do outro é a serra do Tarzan, ambas somam uma riqueza natural incrível. Várias pesquisas foram realizadas pelos órgãos ambientais e constataram a importância da preservação da área. São centenas de espécies da flora e fauna. Foram identificadas mais de 300 cavernas e em 24% delas foram encontrados vestígios arqueológicos das primeiras ocupações da Amazônia.
Incentivo ao ecoturismo
Além da preservação ambiental, a criação o Parque gera expectativas para o o turismo na região. Será possível realizar atividades ligadas à educação ambiental, pesquisas, lazer e ecoturismo. Gilberto Ribeiro faz parte deuma cooperativa de ecoturismo, a Coopeature. Segundo ele, saber que a população poderá desfrutar das riquezas naturais que a região oferece é fundamental para pensar em desenvolvimento econômico e valorização do turismo com responsabilidade ambiental.
“A expectativa é que aumente a nossa área de atuação com mais uma unidade de conservação que não irá beneficiar apenas Parauapebas, mas Canaã dos Carajás também. Afinal de contas, o turismo ambiental é uma atividade ecológica que envolve a comunidade e pode ajudar a aquecer a economia da região”, reforça Gilberto.
No mesmo dia de criação do Parque dos Campos Ferruginosos, foram ampliadas unidades de conservação já existentes nos estados de Goiás, Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Com isso, o Brasil passa a ter mais 282 mil hectares de áreas protegidas no Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia e no bioma Marinho Costeiro.
Texto: Anne Costa | Edição: Diego Pajeú | Foto: Graça Reis – Agência Canaã
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